Eu era muito pequeno e não conseguia entender como o meu pai podia gostar tanto daquela gritaria no rádio e eu podia notar o semblante dele mudar constantemente, às vezes ficava alegre, às vezes triste e naqueles tempos, criança não podia fazer perguntas para os mais velhos e eu na minha total ignorância, ficava morrendo de curiosidade, mas nada podia fazer, pois se eu perguntasse alguma coisa na certa levaria uma bronca – “pito” como dizia naquela época.
Como meus avós e meus tios quase todos moravam no Arraial próximo à Fazenda, eu sempre ia lá e gostava muito de ir à casa do meu tio que tinha uma farmácia, ( Pharmácia ). Para forrar as prateleiras ele usava jornais e todos com fotos do time do Flamengo, porque o meu tio era flamenguista doente. Eu via aquelas fotos em preto e branco e não conseguia associar que ali estava o Dequinha, o Dida, o Pavão que meu pai tanto admirava. Até que um dia o meu tio conseguiu em uma revista, uma foto colorida e ai tudo mudou para mim.
Havia lá na fazenda uma árvore por nome de olho de saci que dava uma semente com as cores preto e vermelha e passei a admirar aquela planta como nunca e admirar as joaninhas e até as cobras corais. Daquela data em diante, meio sem saber, passei a ser Flamengo. E depois, mudamos para a cidade e flamenguista já consciente, minha brincadeira predileta eram os jogos de botões.
Acho que é por isso que às vezes erro tanto nas minhas analises, pois meu ingresso na vida futebolística foi de uma maneira muito provinciana.
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